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Mãe é bicho esquisito, não acha?

Bem, eu me acho bem esquisita as vezes e acredito que se perguntasse aos meus filhos, eles teriam um bocado de coisa para falar de mim. Mas também sei que sou boa para eles ou eles não estariam se tornando um homem e um adolescente tão maneiros assim.

Confesso que passei uma semana com a escrita meio travada. Estava um tanto irritada, com sono, estranha mesmo... Nem eu sei por quê. Pode ser a tal da menopausa chegando, aliás tudo que acontece com a gente depois dos 45 anos, nós, mulheres, colocamos a culpa na menopausa.

Engordei! Menopausa. Vontade de bater no marido, menopausa. Calor, menopausa. Frio, menopausa. Vontade de fazer plástica, menopausa. Bebi demais e estou com dor de cabeça, menopausa. Ah gente, passamos a  vida toda ovulando, menstruando, sentindo cólica, depois entregamos nossos corpos às traças na gravidez, para que? Para poder, no futuro, colocar a culpa na gravidez e na menopausa!!!!!!

Mas vamos ao cerne do título. Essa ideia surgiu ao conversar com a minha mãe ao telefone e lhe contar as novidades. Foi quando me peguei falando com todo entusiasmo que meu filho caçula, o Diego, anda levado, andando a toda velocidade com a bike elétrica, perdendo casaco, lápis, caneta, tudo na escola. E esquecendo livros e trabalhos da escola, coincidentemente, em casa. Kkkkkkkk

Nós rimos disso. O Diego teve uma infância bem complicada, foi uma criança limitada socialmente devido a graves problemas alérgicos e de saúde, que eu não vou detalhar agora, porque é triste pra cacete. E o intuito desse texto, não é fazer você começar a chorar e não conseguir parar mais e colocar a culpa em mim em vez de na menopausa, não é mesmo?

Então, vamos lá. O Diego sempre foi uma criança levada, porém muito boa e resiliente. Apesar de não poder comer quase nada, de não poder ir a festinhas de crianças, frequentar o recreio da escola e sequer, ir à escola até os 6/7 anos, ele não reclamava, não ficava zangado, não pedia comida que não podia e nunca se arriscou a comer algo que não estava determinado por sua restrita dieta. E isso é raríssimo, acreditem em mim.



Pois bem, esse garotinho pequeno e levado, ficou totalmente curado aos 10 anos de idade, no final de 2019. E, como todos sabemos bem, logo começou o lockdown em 2020. Ou seja, mal ele começou a curtir uma vida normal, ficamos presos em casa.

De repente, a rua voltou a ser liberada e ele foi jogado nessa nova vida sem restrições e sem uma mãe louca tendo que vigiar a saúde dele a todo momento. E para ele, foi complicado. Aliás, acredito que ainda seja complicado. Imagina, deixar de ser o menino alérgico, irmão do Lucas e filho da Luciana Carlos, para ser apenas um Diego que nem ele mesmo sabe quem é.

Sendo assim, a adaptação dele na vida social foi bem difícil e ele continuou com aquele jeito responsável, resiliente e nada aventureiro que ele tinha que ser por conta de como sua vida dependia disso. E eu, esperando ele crescer, se aventurar... Sei lá, pular o muro escondido ou jogar bola no quintal dos outros, como o Lucas fazia. Mas ele continuava daquele jeito, até que um dia....

Estava frio à beça e ele tinha que ir para a escola e, imagina só, os dois casacos que eu tinha acabado de comprar para a escola nova, tinham sumido.

Pensei estar em casa, na máquina de lavar, no cesto de roupa suja ou na corda para secar, mas não. E eu pensei, é sério? O cara já perdeu o casaco da escola em menos de 3 meses? Gente, isso é o máximo!!!!

Claro que não contei nem a ele nem a ninguém até hoje, o quanto, lá no fundo, eu fiquei feliz por ele, finalmente, ser desligado, bagunceiro e perder, além dos casacos, a identidade, a carteira, a chave de casa, a caneta nova e etc. etc. etc. ....

Não falei que eu era esquisita? Mas não é isso gente. Ver meu filho, finalmente, entrar nos 13 anos, com jeito de menino de 13 anos, com todos os esquecimentos e malandragens que um pré-adolescente tem, está sendo maravilhoso, porque eu esperei e desejei muito isso. Não só que ele se soltasse e fosse ser que ele quisesse ser, mas também por eu ter conseguido trazê-lo são e salvo até aqui sem maiores sequelas.

E eu nem tinha percebido o quanto que perder o casaco podia ser celebrado, quando a maioria dos pais, ficariam mega chateados por ele não ter responsabilidade e blá blá blá.

Eu, simplesmente, esperava ele parar de ser tão responsável e começar a viver uma vida normal, que até os 12 anos e meio ele não teve. 10 anos de alergia e mais 2 anos de pandemia! Isso é muito tempo!

E é impressionante, que além de comemorar esses esquecimentos e rir com ele, quando a voz fica maluca, por causa da puberdade, ou ficar fula quando bate a porta do quarto, como uma mãe pode ser esquisita. A gente quer ver os filhos se endireitarem na vida, serem independentes e totalmente capazes de se manter sozinhos, mas deseja muito mais ver o sorriso no rosto deles todos os dias, ouvir as besteiras e as gargalhadas, ganhar um beijo de boa noite e até uma batida de porta de malcriação, mas o importante é que eles ainda estão por aqui, debaixo na nossa asa.

Ridículo, eu sei, essa correlação entre galinha e mãe, como aquela máxima: pé de galinha não mata pinto! (Quando alguém fala que a palmada que você deu foi forte demais).

Mas é assim que a vida é, somos seres humanos, porém animais carnívoros, vegetarianos, veganos, ou seja, lá o que cada um deseja ser, mas ainda somos as mesmas pessoas esquisitas depois de séculos de desenvolvimento. Ainda somos nós, as mães que choramos ao ir trabalhar e colocar nosso filho ainda bebê numa creche, que desejamos secretamente que os pais dos nossos filhos nos deixem ficar em casa com eles mais um pouco de tempo.

Eu acredito que tenham muitas mulheres que não são assim, mas também sei que uma grande parte e, chego a arriscar que a maioria não gostou nem um pouco de deixar um bebê de apenas 4 meses de vida num berçário para voltar a trabalhar em tempo integral.

Esquisita ou não, eu amo ser mãe dos meus filhos, dos meus cachorros e meus gatos e teria mais filhos se meu marido compartilhasse da mesma vontade que eu. Sou esquisita, porque comemoro as levadices tanto quanto as notas altas. Comemoro um almoço divertido com eles, escrevo sobre suas peraltices, li livros para eles, ensinei e ter espírito esportivo quando ganhava, de vez em quando, deles no jogo da velha ou em adedanha. E ainda hoje, fazemos guerra de cosquinha e disputamos nossos chocolates preferidos. Brigamos pela guarda de uma caneca do Yoda ou por aquela caneta ultra macia que acabei de comprar para mim e que eles, secretamente, furtaram do meu porta canetas.

Sou esquisita porque dou liberdade e converso sobre os mais diversos assuntos sem pudor, afinal estou criando homens que sabem como lidar com uma mulher.

Mas sou esquisita sim, porque ainda espero que me peçam a benção na hora que saem, chegam e na hora de dormir. Isso não é apenas uma tradição boba de família. É também uma maneira de lembrar a eles que cada um tem um lugar nessa sociedade e que as diferenças, sejam de idade, poder ou qualquer outro aspecto, devem ser respeitadas.

E como diria minha mãe, respeito é bom e eu gosto!

Um beijo e um queijo para vocês e até a próxima!

 
 
 

1 comentario

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reginamadias
07 dic 2024
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Acho que mulher, é bicho esquisito! E mãe junta o bicho mulher com o bicho mãe e vira um monstro esquisito!!! 😜

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Olá, que bom ver você por aqui!

Sou Luciana Carlos, mãe, esposa e empresária e apaixonada por animais e palavras.

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